30 MIL HOMENS CATÓLICOS LOTAM
ESTÁDIO EM SALVADOR - BAHIA
Mais de 30 mil homens em prol de um único objetivo no estádio de Pituaçu.
Não, não estamos falando da torcida tricolor. Mas do Encontro Nacional do Grupo de Oração do Terço dos Homens (GOTH), movimento da Igreja Católica que busca valorizar o espírito religioso das pessoas do sexo masculino através de orações diárias pelo terço.
Criado na década de 50 pelo diácono João Luiz Pozzobon, em Santa Maria, Rio Grande do Sul, o grupo tem como principal objetivo recuperar o número de fiéis homens na Igreja Católica. A prática de sempre andar com o terço é a marca do grupo. A possibilidade de levar o pequeno artefato para qualquer lugar possibilita que a todo momento do dia seus adeptos possam meditar e orar.
Gedeon Alexandrino reza um rosário por dia, no carro ou em qualquer lugar
“Ele tem que estar o tempo todo comigo. Quando não, me sinto mal. É como um vício de fé”, explica Gedeon Alexandrino. Sendo membro do Terço dos Homens, o aposentado de 58 anos diz que reza em média um rosário por dia – o nome do terço corresponde a uma de três partes do rosário. Cada terço possui 53 ave-marias, seis pais-nossos, uma salve-rainha e um credo.
O padre Manuel da Paixão, orientador espiritual do grupo na Bahia, explica que a inspiração vem da Sagrada Família. “Evangelizando o pai de família, estamos colaborando com a formação de lares verdadeiramente cristãos”, conta.
Só deles
Com forte presença no Nordeste, o GOTH estima que só na Bahia já possua a expressiva marca de cerca de 200 mil adeptos. “Vêm muitos ônibus do interior pra festa: sete de São Sebastião do Passé, seis de Feira de Santana, seis de Candeias, quatro de Madre de Deus e por aí vai”, conta Marcos Nogueira, funcionário público de 41 anos e um dos organizadores.
O culto promete ser a maior manifestação da história do grupo. Com entrada franca, a organização garante que centenas de carreatas partiram de todo o país para atender ao evento. Às 12h40, o próprio cardeal dom Geraldo Majella presidirá a missa campal, seguido pelo show do padre Antônio Maria.
A celebração acontece de dois em dois anos. A última edição foi em Recife, onde 10 mil pessoas se reuniram num ginásio. Desta vez é esperado mais de três vezes este número. “Estamos preocupados com a superlotação, inclusive. Do Pará a São Paulo vêm ônibus. Sem contar os que vêm de avião ou por conta própria”, conta Nogueira.
Ele afirma que boa parte da produção veio de doações de diversos fiéis. Som, iluminação, ônibus e também material que foi rifado para arrecadar dinheiro. Até um helicóptero da Polícia Militar será cedido para uma chuva de pétalas de rosas, por volta das 10h30, no estádio.
Já a ansiedade para organizar o maior encontro da história do grupo fez até aumentar a frequência de orações por dia. “Para esse encontro, estávamos rezando uns cinco terços por vez. Graças a Deus deu tudo certo”, conta Marcos.
Além da missa campal e de shows, haverá ainda uma palestra e participação de fiéis que darão testemunhos de suas histórias. “Um dos grande orgulhos do grupo é ter tirado muito pai de família do alcoolismo, das drogas, resgatando laços familiares”, explica Marcos. Para ele, a prática de rezar o terço seria “a porta de entrada para orações mais fortes”.
Movimento tenta despertar espírito católico nos homens pelo terço
Sem largar o terço
“Quando chego em casa, a primeira coisa que eu faço é tirar o celular, a carteira e o terço e colocar tudo no mesmo lugar pra, quando sair, não esquecer de nada”, conta Marcos Nogueira, adepto do grupo.
O hábito de levar o terço aonde for é a marca desses homens de fé. Ao acordar, em uma caminhada, esperando o ônibus, no engarrafamento… Qualquer lugar é lugar para uma oração. “É uma oração muito forte, que fortifica nossa fé, nos torna mais humanos”.
Para o taxista Jerônimo Gonçalves, 63 anos, membro do grupo há quatro anos, a oração com o terço é algo imprescindível à sua vida. “Todos os dias de manhã, na minha caminhada aqui no Cabula VI, eu vou fazendo. Toda quinta à noite faço também na igreja”. A afeição pelo artefato é compartilhada. Padre Miguel se gaba de utilizar um terço vindo exclusivamente de Jerusalém. Independente da preferência pelos de acrílico, plástico ou madeira, a fé dos homens do terço surge como resgate dos laços de catolicismo nos tradicionais chefes de família.
Fonte: Correio da Bahia
Reportagem tirada do site da Comunidade Shalom - Blog Carmadélio em 16/11/2010